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Hoje é o dia de quem (também) quer derrubar o patriarcado: a Doula!

Atualizado: 26 de mar. de 2021


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Hoje é dia da Doula e essa é uma data muito importante e simbólica para todas nós mulheres! Então, escrevo hoje, quebrando um pouco a ordem do que eu tinha planejado para começar o blog, que era repostar aqui meus primeiros textos, bemmm do início da carreira (2009, eu acho!), assim que me formei como educadora perinatal e me joguei no mundo da humanização. Me joguei também no mundo da escrita e criei meu primeiro blog que foi o mamaetocar.blogspot.com. Enfim, pensei: o que nós doulas fazemos muitas vezes é quebrar padrões e desconstruir conceitos, combatendo o patriarcado. Então, vamos lá, com esse texto “fora da ordem” mesmo!


E como eu falei aqui em desconstruir conceitos, quero falar de um parto que foi assim para mim: uma grande quebra de conceitos que eu já tinha em minha cabeça sobre o que é um parto bom, positivo (= parto rápido). Esse parto que eu acompanhei como doula foi um dos mais marcantes na minha carreira. Foi desafiador e como muitas vezes nos deixamos cair em distrações mentais, em alguns momentos eu achei que demorou: durou quase 3 dias. Nossa, eu pensava, como? Mas aí eu voltava para minha conexão com a mulher (Fernanda) e sentia o processo fluindo novamente. Ser doula te dá esse puxão! Te traz de volta ao olhar amoroso e paciente, que contempla outra mulher.


E como é bom poder contemplar outra mulher! Nos parece uma coisa nova (aquela modinha que veio com a moda do parto humanizado – contem ironia!) mas na verdade, antigamente os nascimentos eram eventos do feminino, onde várias mulheres acompanhavam a mulher que ia parir. Geralmente as mulheres da própria família (irmãs mais velhas, tias, mães e avós) davam instruções e acompanhavam todo o processo do nascimento de uma criança, desde o parto até o pós-parto. Parir era um evento familiar, onde a atenção e o afeto eram presentes, sem que a mulher estivesse rodeada apenas de preocupações técnicas e médicas.


Aproveito para salientar o quanto antes que tais preocupações não deixam de ser importantes. Podem e devem ser levadas em consideração. Só que quando esse cenário foi modificado e o parto foi levado a acontecer em instituições, o hospital passa a ser o cenário principal disso tudo, com seus médicos (maioria, homens!) e outros profissionais tomando conta da cena, direcionando o processo como um evento médico, mais do que fisiológico e feminino. Então, nesse ambiente que tecnicamente aprendemos ser o mais seguro para parir, podemos enfrentar medo, solidão, desamparo, falta de afeto e daquela emoção familiar tão individualizada, que tende a trazer mais insegurança ao parir, mais intervenções e maiores complicações obstétricas. Com isso, tendemos a achar que os partos são arriscados, que parir é perigoso e doloroso! E mais: que dependem exclusivamente da figura do médico, o que retira o protagonismo feminino da história (e isso não queremos, não é mesmo?)


Então, nessa lacuna, podemos contar com as doulas, que trazem de volta esse apoio emocional e afetivo, falando a linguagem da mulher e tendo grande respaldo científico. É o momento de ter de volta o olhar da assistência da mulher para com outra mulher. De trazer a confiança nos nossos corpos e no que podemos fazer. É hora de confiar no feminino.



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Então, o que a Doula faz?

- A doula oferece suporte emocional através da presença contínua ao lado da parturiente, provendo encorajamento e tranqüilidade, oferecendo carinho, palavras de reafirmação e apoio. Favorece a manutenção de um ambiente tranqüilo e acolhedor, com silêncio e privacidade.


- A doula oferece medidas de conforto físico através de massagens, relaxamentos, técnicas de respiração, banhos e sugestão de posições e movimentações que auxiliem o progresso do trabalho de parto e diminuição da dor e desconforto.


- Oferece suporte informativo explicando os termos médicos e os procedimentos hospitalares. Antes do parto orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós parto. Explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas.


- Também atua como uma ponte de comunicação entre a mulher, sua família e a equipe de atendimento, fazendo os contatos que a mulher desejar.


- A doula se faz importante até mesmo numa cesárea, onde continua dando apoio, conforto e ajudando a mulher a relaxar e tranqüilizar-se durante a cirurgia.

Pode estar presente no pós-parto, auxiliando a mãe no seu contato com o recém-nascido e com a amamentação.


E quais as vantagens da presença da doula?


Klaus e Kennel publicaram em 1993 em “Mothering the mother“(13) um estudo onde apontaram os resultados globais da presença da doula no trabalho de parto e parto, como pode ser visto abaixo: · Redução de 50% nos índices de cesariana

· Redução de 25% na duração do trabalho de parto

· Redução de 60% nos pedidos de analgesia peridural

· Redução de 30% no uso de analgesia peridural

· Redução de 40% no uso de ocitocina

· Redução de 40% no uso de fórceps

Outros estudos (8-12) também mostram claramente que a presença da doula no pré-parto e parto trazem benefícios de ordem emocional e psicológica para mãe e bebê, incluindo resultados positivos nas 4ª a 8ª semanas após o parto: · Aumento no sucesso da amamentação

· Interação satisfatória entre mãe e bebê

· Satisfação com a experiência do parto

· Redução da incidência de depressão pós-parto

· Diminuição nos estados de ansiedade e baixa auto-estima



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As revisões da literatura científica elaboradas pelo notório grupo científico da Cochrane Collaboration’s Pregnancy and childbirth Group (3,4) inclui e valida diversos estudos abrangendo uma grande diversidade cultural, econômica e com diferentes formas de assistência. Confirma claramente que a presença da doula no suporte intra-parto contribui para a melhora nos resultados obstétricos, diminui as taxas das diversas intervenções e promove a saúde psico-afetiva da mãe e do vínculo mãe-bebê. O mesmo grupo, em sua revisão publicada em 1998 declarou: “Devido aos claros benefícios e nenhum risco conhecido associado ao apoio intra-parto, todos os esforços devem ser feitos para assegurar que todas as mulheres em trabalho de parto recebam apoio, não apenas de pessoas próximas, mas também de acompanhantes especialmente treinadas. Este apoio deve incluir presença constante, fornecimento de conforto e encorajamento.” (4)


IMPORTANTE:

Reconhecimento e Recomendação pela OMS ​(Organização Mundial de Saúde)

​A OMS (Organização Mundial de Saúde) incentiva o apoio da doula no parto: "O apoio físico e empático contínuo oferecido por uma única pessoa durante o trabalho de parto traz muitos benefícios, incluindo um trabalho de parto mais curto, um volume significativamente menor de medicações e analgesia epidural, menos escores de Apgar abaixo de 7 e menos partos operatórios." Uma Revisão da Biblioteca Cochrane, 2010, conclui que:

"Todas as mulheres devem receber o apoio de um acompanhante especialmente capacitado durante o trabalho de parto e parto" O suporte contínuo durante o parto oferecido por acompanhante capacitada:

· Aumenta as taxas de parto normal

· Reduz a duração do TP e a necessidade de analgesia

· Maior satisfação com a experiência de parto



Hoje é dia da Doula e essa é uma data muito importante e simbólica para todas nós mulheres! Que nós possamos continuar informando mulheres, contemplando e apoiando todas elas nas suas escolhas e no seu processo de parir!


Com carinho,

Érika Mariana,

Espaço de Maternagem


Referências:

- Hodnett, Gates, Hofmeyr, Sakala. Continous support for women during childbirth. Cochrane, 2010

- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. OMS. Maternidade segura. Assistência ao parto normal: um guia prático. Genebra: OMS, 1996

- https://www.despertardoparto.com.br/





 
 
 

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